Vivenciar a experiência da KTR Refúgio Serra Fina em 25 de abril de 2015 foi algo diferente de tudo o que já fiz em montanhas. Comecei a perceber isso antes mesmo da viagem, uma vez que foram exigidos diversos equipamentos que seriam obrigatórios para a prova (e houve checagem na entrega de kits e a possível checagem de tais itens durante a prova). Minha mãe até perguntou se nós iríamos para a guerra. Mal sabíamos que ela tinha razão: uma guerra contra o tempo, contra o medo e contra o frio. Vamos lá...
Pensando ainda sobre as particularidades dessa prova, eu tive quase certeza disso no congresso técnico no dia anterior a ela. Mas não achei que seria tanto assim. Tanto que quando falaram que a prova teria o tempo máximo de 6 horas, pensei comigo: "quem vai fazer 16 Km em seis horas?"...
O dia da prova
Bom, se eu ainda tinha dúvidas, a prova em si me deu essa certeza. Fomos de carona com um corredor até a largada da prova, mas havia kombis que saíam de um ponto específico da cidade até lá. Largamos às 12 horas para os 16 Km mais longos da minha vida. Corremos somente os três primeiros quilômetros. Mesmo caminhando nas subidas fortes, estávamos no pace para completar a prova dentro do tempo máximo que era de 6 horas.
Largada dos 26 Km... |
Enquanto espera, faz book... |
Dia estava lindo... |
Sobeeeee... |
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Foto oficial... |
Tudo ainda estava bem... |
Paisagem... |
Momento amor... |
Até que chegou o divisor de águas da prova para mim: subida na pedra com ajuda de corda. Para uma pessoa que tem pavor de altura, isso não poderia ter acontecido. Mas, aconteceu e eu empaquei. Não tenho noção de quanto tempo fiquei ali, pensando, rezando e esperando por um milagre. Pensei em desistir e retornar, mas já tinha chegado até aquele ponto. Eu precisava continuar. Eu chorei tanto quando terminei essa parte que eu devo ter ficado desidratada.
Dramaaaaa... |
Quando pensei que o tal Capim Amarelo (o ponto mais alto do nosso trecho) tinha chegado, eis que descubro que havia mais uma sessão de corda. Como eu estava em pânico, o staff da prova pediu para eu sentar um pouco e descansar os braços para ter forças para subir. Chorei, chorei, chorei... E quando me cansei de chorar, lá fui eu alcançar o topo.
Descansa para conseguir força e calma para subir o que falta usando mais uma corda! |
Aí a cerração já havia tomado conta de tudo e eu não vi paisagem alguma.
Fui orientada a colocar o anorak para não ter hipotermia, mas eu estava tão desesperada que não sentia frio e nem fome (o que é um milagre!). Tudo o que eu levei para comer voltou comigo... Descer também precisou ser com cuidado, pois a trilha estava MUITO escorregadia e também havia trechos com cordas. A cerração foi ótima nesse ponto, pois eu não conseguia ver se havia ou não algum precipício por ali. Sendo assim, pude passar com relativa tranquilidade...
Foi aí que eu vi que não daria para terminar a prova dentro do tempo. Então, o que tínhamos que fazer era descer com cuidado para não se machucar e concluir na hora que desse para chegar, sem preocupações com medalha ou o tal casaco de fleece que seria dado aos concluintes. Começou a escurecer e tivemos que usar as headlamps. Naquele momento, éramos eu, Otávio e mais cinco pessoas que estavam mais ou menos juntas. Acabou que a escuridão e a cerração ajudaram a nos confundir e a nos perder. Ficamos alguns minutos apitando até alguém do staff aparecer e nos dizer a direção correta. Após 7h30m de prova, conseguimos completar a KTR.
Última foto no caminho. Foco total na escuridão para chegar bem lá embaixo... |
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Chegada! A destruição em pessoa, ha ha ha... |
Mas ainda havia outro desafio a vencer: a volta para a pousada...
Como a prova é realizada em um local afastado da cidade, era necessário transporte em veículos 4x4 ou que aguentassem uma estrada meio complicada. Como a ida foi dividida por largada da quilometragem, não houve muitos problemas para ir. Havia Kombis e caminhões para subir com os atletas. Os de 26 Km subiram primeiro. Depois, os de 16 Km e, após certo horário, os de 8 Km.
No entanto, na volta, havia gente dos 26Km, dos 16Km e dos 8Km, no mesmo momento, esperando para descer. Além disso, segundo informações, duas Kombis que fariam o transporte tinham quebrado. Com isso, ficamos duas horas no frio, aguardando que algum veículo pudesse aparecer para nos levar até o Centro de Passa Quatro. Conseguimos descer na caçamba de uma caminhonete e ainda tivemos a sorte de o motorista nos levar até a porta da pousada em que estávamos. Foi muita gentileza dele, já que oficialmente era para nos deixar no ginásio da cidade e teríamos que andar mais 2 Km até a pousada.
Depois de tudo isso, não fomos considerados finishers oficialmente, já que não aparecemos na lista dos concluintes e nem ganhamos o "lindo" casaco de fleece. No entanto, com certeza, saímos dessa prova vitoriosos e mais fortes para os futuros desafios.
Apesar de todo o perrengue, agradeço a essa prova pelos ensinamentos que ela me possibilitou. E o mais legal: usamos todos os equipamentos pedidos pela organização da prova, ha ha ha ha...
Até quarta-feira,
Super beijo
Carolina
Aqui
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Boa recomendação de uma prova para eu não fazer.
ResponderExcluirIsso também é um aprendizado.
Gostei do texto.
E parabéns pela superação.
Oi Tatiana, você pode ir para ter a sua experiência. Vai que você acha algo fantástico? E também você pode não ter problemas com altura e, com isso, passar mais rápido pelos obstáculos!
ExcluirSuper bj e obrigada!
Carolina